quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mentiras

É 1 de Abril e sorris, nervoso, enquanto ela passa as mãos pelo cabelo, um véu imenso que querias ser tu a afastar do seu rosto, a puxar para trás da orelha com a mesma naturalidade com que ela o faz, sentir a sua textura, o seu cheiro, o seu toque contra as pontas dos teus dedos e dos teus lábios e…coras e desvias o olhar, paginas rabiscadas de uma qualquer formula que já esqueceste porque é nela que está toda a tua atenção.

“O que foi?” Há um traço de preocupação, subtilmente mascarado por detrás da ironia, e arriscas, ou talvez simplesmente não conseguiste controlar o teu coração, aquilo que sempre lhe quiseste dizer.

“Gosto de ti.” E esperas, ainda anestesiado pelo momento, ela com os olhos turvados de dúvidas, de incerteza, de medo. E depois apercebes-te do que fizeste e por um segundo o teu mundo cai, e dói, e dói ainda mais porque quando fazes a única coisa a fazer, já sabes que fugiste mais uma vez. “Feliz dia das mentiras!” E o teu sorriso deve parecer tão verdadeiro quanto te é doloroso porque quando os olhos dela piscam mais uma vez, ficam de novo límpidos e o seu sorriso junta-se ao teu, muito mais brilhante e verdadeiro, uma gargalhada inocente e depois há uma mão a bater no teu ombro, num castigo amigável que julga ser merecido mas que apenas faz o teu estômago contrair-se mais e o teu peito parecer estar prestes a explodir.

“Mentiroso!” para depois se voltar a debruçar sobre as folhas que estudava. Os teus lábios curvam-se em ironia. Mal ela sabia o quanto.

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