quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Doll

Caminhas, passos arrastados e sem graça, mas oh! Tão graciosos no teu declínio. O teu respirar são garras que te rasgam o peito, imaculado, escondido, em cetim bordado, o teu palpitar são trovões solitários, tão silencioso que não se poderia ouvir.
Sentes-te presa, as tuas asas- não- nascidas algures para trás, e essa dor, tanta dor, que teima em não passar. Corres, os teus passos nem um segundo adiantados, e ofegas, a tua máscara impávida, serena. Não tropeças, quebrar-se-ia o encanto, mas estás perdida, confessa!
És uma marionete com vontade, olhos de porcelana tão vivos no seu vazio; uma existência antagónica, impossível mas real, um enlace de opostos que foi criado sem razão.
Nascestes, se a isso podes chamar vida, e continuas, sem saber, à procura da tua morte.
“Ó doçura da vida: /
Agonizar a toda a hora sob a pena da morte /
Em vez de morrer de um só golpe”
(SHAKESPEAR, William)

Sem comentários:

Enviar um comentário